
Tokenização de ativos imobiliários, o que é e como funciona?
Transformar um imóvel físico em pequenas fatias digitais e negociá-las como ações: essa é a proposta da tokenização de ativos imobiliários, uma prática que mistura o mercado tradicional com inovações do universo digital. A ideia é simples na teoria, mas seu impacto no setor de investimentos e na forma como lidamos com a posse de bens pode ser profundo. A tokenização representa uma nova forma de acesso ao mercado imobiliário, abrindo espaço para pequenos investidores com aportes mínimos.
Ao associar imóveis a tokens — registros digitais em uma blockchain, a tecnologia por trás das criptomoedas —, é possível vender e negociar essas frações sem que o comprador tenha que assumir a propriedade inteira. Isso redefine o conceito de investimento em imóveis, tradicionalmente marcado por altos valores iniciais, burocracia extensa e liquidez baixa.
Como funciona a tokenização
Na prática, o processo começa com a avaliação do imóvel para determinar seu valor de mercado. Esse valor é então dividido em unidades digitais, os tokens. Cada unidade representa uma fatia do bem. Por exemplo, um imóvel avaliado em R$ 1 milhão pode ser fracionado em mil tokens de R$ 1 mil cada. Esses tokens são registrados em uma blockchain, o que garante transparência, segurança e rastreabilidade nas negociações.
A emissão dos tokens ocorre por meio de uma empresa especializada, geralmente uma fintech ou plataforma de investimentos. Uma vez no mercado, esses ativos digitais podem ser comprados e vendidos por investidores em plataformas autorizadas. O processo é facilitado por smart contracts , ou contratos inteligentes, que automatizam regras de transação — como pagamento de aluguéis ou distribuição de lucros — sem necessidade de intermediários.
Por que a tokenização chama atenção
Um dos maiores atrativos está na redução das barreiras de entrada. Investidores que antes precisavam desembolsar centenas de milhares de reais para adquirir um imóvel agora podem participar com valores muito menores. Isso democratiza o acesso e pode impulsionar a diversificação das carteiras de investimento.
Além disso, a liquidez é consideravelmente maior. Diferentemente da venda de um imóvel físico, que pode levar meses, um token pode ser negociado em minutos, dependendo da plataforma e da demanda. Outro ponto de destaque é a redução da burocracia, já que a digitalização e a automatização tornam desnecessários diversos trâmites legais tradicionais.
Tokenização x fundos imobiliários
Embora parecidos à primeira vista, tokens imobiliários e fundos de investimento imobiliário (FIIs) têm estruturas e funcionamentos distintos. FIIs são fundos regulados, compostos por vários imóveis ou empreendimentos, e cujas cotas são negociadas em bolsas de valores, como a B3.
Já a tokenização trata de imóveis específicos. O investidor tem uma fração digital de um bem real, e a negociação é feita fora do mercado financeiro tradicional, em plataformas privadas. Essa descentralização atrai pela agilidade, mas também exige atenção, uma vez que há menos regulação e, portanto, mais risco.
O que considerar antes de investir
A tecnologia é promissora, mas ainda emergente. A ausência de uma regulamentação clara no Brasil para esse tipo de operação pode representar tanto uma vantagem — por permitir modelos inovadores — quanto uma vulnerabilidade legal.
Além disso, o investidor deve avaliar a solidez da empresa que emite os tokens, a qualidade do imóvel e as condições do contrato digital. Como em qualquer ativo, há risco de desvalorização e de inadimplência, especialmente em imóveis alugados.
Em suma, a tokenização imobiliária amplia o leque de opções para quem quer investir em imóveis, com mais flexibilidade e menores custos iniciais. Mas o modelo, por ser recente, ainda exige cuidado, análise detalhada e compreensão dos mecanismos digitais envolvidos.
Fonte: https://exame.com/